Reforço Sísmico
Numa cidade como Lisboa, com um historial preocupante em matéria de sismos e uma percentagem ainda elevada de edifícios pombalinos e dos chamados gaioleiros (construídos segundo regras idênticas mas mais recentes, até 1930), faz todo o sentido a pergunta, “Qual é o nível de resistência de um edifício numa situação de sismo?“.
As condições dos terrenos locais podem alterar muito significativamente as caraterísticas do movimento à superfície. Por esta razão, é fundamental caraterizar adequadamente o terreno para estimar o movimento sísmico à superfície associado a um dado cenário sísmico. Consciente desta situação, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) apoiou o desenvolvimento de um estudo a fim de elaborar uma carta de classificação dos solos de Lisboa de acordo com a classificação do Eurocódigo 8 (Ec8).
O município de Lisboa, juntamente com os especialistas em sismologia do Instituto Superior Técnico, criaram um modelo de avaliação de vulnerabilidade sísmica de edificações singulares, uma metodologia para determinar a capacidade de os edifícios da cidade resistirem a um sismo disponibilizando um indicador que permitirá atribuir a cada prédio um nível de segurança e aferir a necessidade, ou não, de realização de obras de reforço das estruturas.
Guia de Boas Práticas
O Guia de Boas Práticas – Reforço Sísmico é uma ferramenta de trabalho, não acabada e aberta a propostas criadoras de mais e melhor conhecimento.
Têm sido várias as intervenções em património edificado, pequenas ou médias e até, em alguns casos, profundas, tendo como prioridade a reposição do grau de vetustez, eliminando definitivamente as patologias pré-existentes, redimensionando os espaços interiores e criando uma “modernidade” nas instalações sanitárias e cozinha, ainda que omitindo o estudo e resolução da segurança e prevenção antissísmica.
A comunidade científica portuguesa tem consciência do problema e, em muitos casos, é arauto da necessária de intervenção.
É, por isso, importante estudar e apresentar soluções práticas e integradas, para os edifícios pré-Pombalinos, Pombalinos e Gaioleiros, pese embora as soluções apontadas terem, sobretudo, em conta as especificidades dos materiais que compõem o edifício.
Alerta-se contudo, que a existência de edifícios com tipologias-tipo não adulteradas é, atualmente, muito escassa. A grande maioria do edificado existente atualmente, na cidade de Lisboa, apresenta tipologias mistas ou adulteradas, muitas vezes com a introdução de betões, sem que se tenha tido em consideração o respetivo reforço sísmico.
Na grande maioria das situações, apenas as questões estéticas e funcionais estiveram na origem das tomadas de decisão nas reabilitações realizadas nos últimos anos, com a introdução de desconformidades entre pisos o que, em muitas situações, veio agravar o comportamento/resistência sísmica do edifício.
É possível fazer intervenções para melhorar o seu comportamento sísmico. No entanto, quando um edifício foi concebido e construído com ausência de preocupações sísmicas, inevitavelmente apresenta elementos de vulnerabilidade que são mais difíceis de corrigir.
Aqui chegados, é importante reunir informação objetiva – evitando, sempre que possível, custos exagerados – e apresentar soluções exequíveis aos agentes técnicos que, de alguma forma, são intervenientes na construção civil, nomeadamente na reabilitação urbana, assim como aos promotores imobiliários e donos de obra, que estão ligados à intervenção em património construído.