Resiliência Urbana
Inundações
As inundações constituem fenómenos naturais extremos e temporários, provocados por episódios de precipitação moderada e permanente ou de precipitação repentina e de elevada intensidade. Este excesso de precipitação é responsável pelo aumento do caudal dos cursos de água, originando o transbordo do leito normal e a inundação das margens e áreas contíguas.
Associados aos fenómenos de pluviosidade intensa e concentrada no tempo cada vez mais frequentes, a continuação da subida do nível médio das águas do mar e do estuário do Tejo, em conjunto com as consequentes interferências na rede de drenagem nas áreas ribeirinhas, ao ultrapassar a capacidade de carga máxima dos respetivos coletores, constituem fatores potenciadores de inundações.
Os prejuízos resultantes de fenómenos de inundação são frequentemente avultados, podendo conduzir à perda de vidas humanas e bens. O impacto no tecido socioeconómico da região afetada é geralmente significativo. A prevenção e mitigação do efeito das inundações é assim de extrema importância.
Inundações Urbanas
São reflexo da expansão urbana no território e consequente impermeabilização do solo, o que promove a circulação rápida do escoamento superficial e a sua concentração em áreas deprimidas, podendo provocar elevados impactos nas atividades comerciais, nos serviços, nos transportes e no alagamento das áreas residenciais, constituindo assim um risco geomorfológico de especial importância que não deve ser descurado numa gestão de risco.
Neste contexto, a maioria dos estudos refere-se a inundações provocadas por cheias devidas ao extravaso de cursos de água que atravessam as áreas urbanas. A expansão da malha urbana tem conduzido ao desaparecimento dos cursos de água, nomeadamente os de regime temporário, através da sua canalização subterrânea ou do seu entulhamento, estando actualmente os antigos leitos fluviais ocupados por edifícios e outro tipo de infraestruturas. O crescimento da área urbanizada e as alterações de uso dos solos no concelho de Lisboa e concelhos limítrofes que drenam para este, resultaram na impermeabilização crescente das bacias de drenagem que se desenvolvem a montante com o consequente aumento dos caudais lançados na rede de drenagem existente, sobrecarregando todo o sistema e contribuindo para agravar os episódios de inundação. Este fenómeno tem ocorrido na cidade de Lisboa desde os tempos da ocupação romana, tendo-se acentuado nos períodos mais recentes.
No presente, a maioria dos locais inundados na cidade de Lisboa, como consequência de eventos de pluviosidade intensa, encontra-se sobre as antigas linhas de água. Adicionalmente, constata-se que as áreas de declive suave e situadas em posições topográficas deprimidas são as mais afetadas. Esta situação é agravada ainda pelas caraterísticas da malha urbana, que poderão não ser as mais favoráveis, canalizando, concentrando ou exercendo um efeito de barreira ao livre escoamento das águas quando o sistema de drenagem artificial da cidade se revela insuficiente.