Materiais

Um dos problemas principais na análise de estruturas antigas, reforçadas ou não, é o nível de informação sobre as propriedades de rigidez e resistência dos materiais estruturais, que podem apresentar uma variabilidade significativa. Para este efeito, o EC 8- Parte 3, dedicado ao reforço de estruturas existentes, estabelece níveis de confiança sobre as tensões resistentes dos materiais, minimizando essas resistências dos materiais em relação aos seus valores médios nos casos em que o grau de confiança na informação é menor.

Existem na literatura diversas compilações de valores de tensões resistentes para alvenarias, mas dada a variabilidade destas grandezas o grau de confiança para aplicação destes valores em casos concretos é reduzido. Em muitos casos pode justificar-se aumentar o grau de confiança através de testes in-situ, para o que se devem ter em conta critérios de representatividade e grau de dano resultante para a estrutura, se os testes forem semi-destrutivos ou destrutivos. O nível de conhecimento sobre a rigidez dos materiais pode ser melhorado através de ensaios de identificação dinâmica, em que se medem as frequências de vibração das estruturas, que permitem calibrar a rigidez da estrutura, por comparação com resultados de modelos analíticos. Estes testes têm a grande vantagem de ser não-destrutivos.

No caso do reforço de estruturas de betão armado, podem usar-se as mesmas técnicas de identificação dinâmica para calibrar a sua rigidez e aferir as resistências por relações entre resistência e rigidez. Pode também ser necessário retirar carotes para análise em laboratório, ou ainda picar o betão, para colocar as armaduras à vista e conhecer/confirmar quantidades de armadura. Chama-se a atenção que a ductilidade de estruturas de betão armado é muito dependente de certos pormenores, como por exemplo amarração de varões, que em geral só se podem confirmar expondo as armaduras. Por isso, nos casos em que isso não é feito, é prudente admitir que as estruturas possuem níveis reduzidos de ductilidade. Pode ter interesse também picar o betão para verificar se armaduras são nervuradas, pois os ferros lisos aderem pior ao betão.

A ductilidade das alvenarias em geral também é reduzida. No entanto, podem ocorrer casos em que a ductilidade disponível é relevante. Por exemplo a madeira é um material frágil, no entanto estruturas de madeira, ou de alvenaria com madeira no seu interior, podem apresentar uma capacidade significativa de se deformarem após atingirem a carga máxima, se esta for atingida em ligações metálicas entre peças de madeira, pois estas ligações podem exibir um comportamento dúctil.