Coberturas

Considerações Gerais

Aplicabilidade dos procedimentos descritos

As presentes recomendações e ações devem ser tidas em consideração quando:

  • Exista evidência de patologias ou anomalias na estrutura da cobertura;
  • Se verifiquem insuficiências na estrutura existente;
  • Esteja previsto o aumento do número de pisos, ou o reaproveitamento do sótão para espaço habitacional;
  • Exista a evidência ou a expectativa de que se tenham alterado ou venham a alterar as cargas exercidas sobre a estrutura existente.

Estrutura das coberturas dos edifícios antigos de alvenaria

A estrutura da cobertura destes edifícios apresenta-se normalmente sob a forma inclinada sendo que as coberturas curvas, abóbodas e cúpulas, são mais reservadas a construções monumentais ou de grande valor patrimonial. De igual forma, as coberturas planas, em terraço, assentes em arcos e abóbadas, por também não serem comuns em edifícios correntes, não serão aqui abordadas.

As estruturas de suporte das coberturas de edifícios antigos são vulgarmente realizadas em madeira, apresentando-se em múltiplas formas e complexidade: desde estruturas muito rudimentares de uma ou duas águas – compostas apenas por madres e cumeeira (fileira ou pau-de-fileira) apoiadas nas paredes e, sobre elas o varedo sobre as quais assentam então, eventualmente um guarda-pó e as ripas que seguram as telhas (Figura 1A) –, a estruturas trianguladas (asnas), bastante mais complexas (Figura 2 e Figura 3), incorporando clarabóias, trapeiras e águas-furtadas, em coberturas com quatro ou mais águas.

Entre 1870 e 1930, encontram-se estruturas menos elaboradas do que as que as precederam (estruturas pombalinas), em que as madres e a cumeeira se apoiavam em prumos de madeira apoiados nas paredes ou nos pavimentos (Figura 1B), constituindo estruturas bastante vulneráveis a ações sísmicas já que, desprovidas de linhas ou tirantes, as varas tendem a originar impulsos horizontais de dentro para fora sobre as paredes em que se apoiam, assim promovendo o seu colapso para fora do plano (Figura 4). São ainda típicas desta época, estruturas um pouco mais elaboradas, mas ainda assim muito deficientes do ponto-de-vista sísmico, como a ilustrada na (Figura 5), (Appleton 2005).
 
As estruturas das coberturas, tal como os pavimentos, desempenham um importante papel na rigidez e resistências globais da estrutura principal, motivo pelo qual uma especial atenção lhes deve ser devotada.