Fundações

Considerações Gerais

Aplicabilidade dos procedimentos descritos

As presentes recomendações e ações devem ser tidas em consideração quando:

  • Exista evidência de patologias ou anomalias devida a problemas de fundações (fendilhação, desnivelamentos, etc);
  • Esteja em causa o aumento do número de pisos, alterações de uso, ou quaisquer outras circunstâncias em que se possa prever um aumento de cargas nas fundações;
  • Tenham ocorrido, ou seja expectável que venham a ocorrer, movimentos do terreno, com origem, por exemplo, em variação do nível freático, escavações na vizinhança, que possam afetar o desempenho da fundação;
  • Exista a evidência ou a expectativa de que se tenham alterado, ou venham a alterar, as cargas exercidas sobre as fundações existentes.

Em todos estes casos deverá proceder-se a uma análise dos esforços atuantes e/ou deslocamentos impostos nas fundações, ou que sobre elas se venham a exercer, bem como a uma análise cuidada da capacidade de carga e deformabilidade das fundações e dos terrenos.


Fundações dos edifícios antigos de alvenaria

As fundações dos edifícios antigos encontram-se, em geral, executadas em alvenaria de pedra rija, mais pobre do que a das paredes (Figura 1), aglutinada com argamassas de areia e cal aérea (vulgarmente) ao traço 1:2, com uma largura normalmente superior à das paredes, a menos dos casos de solos muito rijos ou rocha. A utilização de fundações indiretas em estacas não é tão comum. Assim, as fundações destes edifícios eram normalmente executadas sobre o próprio terreno de fundação, exceto nos casos em que estes não ofereciam resistência suficiente para as receber.

Quando tal acontecia, eram realizados poços normalmente quadrangulares, de 1m x 1m, até à profundidade do estrato com capacidade portante adequada (vulgarmente conhecido como “fixe”), preenchidos com alvenaria de pedra sobre a qual, por fim, assentavam as fundações (Figura 1).

Noutros casos, em zonas aluvionares, ou em terrenos muito macios ou com nível freático elevado, como no caso do edificado Pombalino, em Lisboa, o terreno superficial era confinado pela cravação de estacas de madeira, curtas, encimadas por um engradado de troncos de madeira (Figura 2), formando uma “laje de fundação” com características melhoradas acima do nível freático e sobre o qual assentam as fundações.

Sobre os poços podem ainda nascer arcos ou abóbodas, executados em alvenaria de tijolo, estando os tímpanos ou carrego (Figura 4), elemento de ligação entre o arco inferior e o pavimento, (Figura 2, Figura 3) preenchidos com alvenaria de pedra sobre a qual assentam então os pavimentos térreos. No caso dos edifícios Pombalinos pode assistir-se ainda à execução de arcos e abóbodas sobre o solo compactado com estacas (Figura 3).